Beco das Garrafas

Beco das Garrafas, Copacabana, Rio de Janeiro 

Em 49 passos é possível percorrer o Beco das Garrafas! 

Considerado um dos berços da bossa nova, o Beco das Garrafas fica na rua Duvivier, numa travessa sem saída, entre os edifícios de números 21 e 37.

Latitude, Longitude : (-22.9663482, -43.17755210)

CEP da rua do Duvivier, Copacabana, Rio de Janeiro:

22020-020 Rua Duvivier

#Hashtag: #becodasgarrafas

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Por que esse lugar de Copacabana se chama Beco das Garrafas?

Beco das Garrafas em Copacabana

O nome Beco das Garrafas  decorreu da seguida prática dos moradores dos edifícios em torno, de jogar garrafas nos frequentadores das boates lá em baixo, e, por ser uma rua estreita e sem saída. Foi batizado por Sérgio Porto inicialmente como Beco das Garrafadas, reduzido mais tarde para Beco das Garrafas.

Justamente ali, no início dos anos 60, quatro boates aconteciam: Ma Griffe, Bacará, Little Club e Bottle's.

Mas a noite não ficava só ali. Logo adiante, na rua Carvalho de Mendonça  estreita como a rua Duvivier, mas com saída, ficava o Beco do Joga-a-Chave. Viela com inúmeras casas noturnas, mas com especial destaque para o Bar e Boate Dominó.

Das quatro botes, só o Mas Griffe se dedicava a prostituição, embora também tivesse um piano, que no passado, fora comandado por Newton Mendonça.

As outras três apresentavam a melhor música que se podia ouvir na época. Duas delas, Little Club e Bottle's, ambas de propriedade dos irmãos italianos Alberico e Giovanni Campana, sempre dispostos a patrocinar jovens talentos, desde que eles mantivessem as suas casas cheias.

Difícil era a vida dos irmãos Campana. Comerciantes no Brasil, passaram tanta dureza nos anos 50 que chegaram a vender uma casa para voltar ao país de origem. Antes, tentaram uma última cartada adquirindo, em três anos, de 1955 a 58, três boates entre as ruas Duvivier e Rodolfo Dantas, em Copacabana: o Little Club, o Bottle´s Bar e o Ma Griffe

A sorte, desta vez, estava com os italianos. Não muito dali, também em Copacabana, o Bossa Tres , formado pelo pianista Luís Carlos Vinhas , o baterista Edison "Maluco" Machado  e o baixista Tião Netto incendiava as noites do restaurante Au Bon Gourmet.

Eles não foram muito bem-recebidos. A conservadora classe política que frequentava o Bon Gourmet não gostou da maneira ousada que o trio tocava samba - queriam é ouvir Nelson Gonçalves cantar samba-canção. Resultado: na mesma hora em que eles foram demitidos eu contratei o trio para tocar no Little Club
— Alberico Campana

Com a chegada do Bossa Três as boates dos irmãos Campana e o Bacará, de propriedade do músico Chuca-Chuca e de Luigi Garutti, o Gigi, logo começaram a atrair boa parte dos talentos da noite carioca.

Em seus pequenos espaços, abrigavam pocket-shows assinados com criatividade pela dupla Miele  e Bôscoli, responsáveis pela direção, pelo som e pela iluminação, seu lema era "Dê-nos um elevador e nós lhe daremos um espetáculo". Além dos musicais noturnos, havia também as matinês de domingo, que reuniam músicos amadores e profissionais. O Beco das Garrafas, abrigou, nos anos 1960, o melhor da bossa nova instrumental.

Ali se apresentavam Sergio Mendes, Luiz Eça, Luís Carlos Vinhas, Salvador e Tenório Jr., Raul de Souza, J.T. Meireles, Cipó, Paulo Moura, Maurício Einhorn, Rildo Hora, Baden Powell, Durval Ferreira, Tião Neto, Manuel Gusmão, Bebeto Castilho, Dom Um Romão, Edison Machado, Airto Moreira, Wilson das Neves, Chico Batera, Vítor Manga e Hélcio Milito, entre outros músicos. Entre os cantores, além de Sylvinha Telles e Marisa Gata Mansa, Dóris Monteiro, Claudette Soares, Alaíde Costa, Lenny Andrade (então com 17 anos) não precisava apenas correr do bombardeio dos vizinhos.

Quando estreou no Bacará, passava mais tempo no banheiro da boate do que no palco. "O comissário do Juizado de Menores queria me prender de qualquer jeito, mas nunca conseguiu me pegar. Era uma delícia cantar no Beco. Vinham músicos de todos os cantos. Eu lembro do Rauzinho (de Souza, hoje um dos maiores trombonistas o mundo) chegando de ônibus, de Sergio Mendes ainda garoto querendo impressionar os músicos veteranos", Flora Purim, Nara Leão, Sérgio Ricardo, Johnny Alf, Sílvio César, Agostinho dos Santos, Jorge Ben, Wilson Simonal, Pery Ribeiro e Elis Regina.

Outro personagem de destaque no Beco das Garrafas foi o dançarino, coreógrafo e cantor Lennie Dale, que, além de dirigir vários shows ali apresentados, sendo muito exigente com relação à necessidade de ensaio, aproveitava o espaço vazio doBottle's durante as tardes para ministrar aos artistas aulas de expressão corporal. Durante um show de Lennie Dale, a dupla de produtores Miele e Bôscoli resolveu montar um número para canção "O Pato" (a famosa canção gravada por João Gilberto). No intervalo dos versos ("O pato/ vinha cantando alegremente"), Lennie abria uma bandeja, de onde saía um pato, que ficava encarregado do "Qüen, Qüen". Uma idéia surrealista, que deu certo apenas nos primeiros números, como conta Miele: "Eu fiquei encarregado de conseguir os patos num morro lá perto. Comprava filhotes, para ficar mais fácil de cobrir na bandeja carregada pelo Lennie. O problema é que sempre no fim dos shows, a gente esquecia o tal patinho preso debaixo do tablado - no dia seguinte ele estava morto, comido pelo ratos da boate", diz Miele. "E lá ia eu de novo, comprar novos patinhos no morro. Um dia, na falta de filhotes, eu comprei um pato adulto. O Lennie não sabia. Quando abriu a bandeja levou um susto com aquele pato enorme, que saiu voando pela platéia. Ficou furioso, mas eu e o Bôscoli rimos três dias seguidos.

O clima festivo do Beco das Garrafas não durou muito tempo. Quando Elis Regina fez por lá, em 1964, uma grande temporada no Little Club, boa parte das estrelas já haviam migrado para as grandes casas de shows, para os programas de televisão e para o exterior. A própria Elis , após arrebatar o público no Beco, foi levada pelo empresário Marcos Lázaro a assinar um contrário milionário da TV Record, em São Paulo.

Mas em 2014, depois de mais de 40 anos desativado, o Beco das Garrafas voltou! Acredite!

Fruto do desejo de reviver uma época de ouro e para dar oportunidade a inúmeros talentos disponíveis e interessados em tocar ali a produtora Amanda Bravo, filha do lendário Durval Ferreira, compositor, produtor e autor de clássicos da bossa nova como "Batida Diferente", ele mesmo um frequentador do Beco, ativou o empresário Sérgio De Martino (que é o proprietário dos imóveis onde ficam o Bacará e o Botlle’s Bar) e no "peito e na raça", reabriram a casa, firmaram um patrociníio com uma marca de cerveja que bancou uma reforma, e que abriu em setembro de 2014 com diversos shows numa programação composta por bandas do novo cenário da música brasileira.

Beco das Garrafas Bottles Bar Rio 27/IX/2014

Depoimentos

Nos anos 60 dois militares da Marinha estavam em uma boate nesta rua, e foram postos para fora por não pagarem a conta, o que acabou por gerar uma briga,onde foram espancados por diversos seguranças das boates. Muito machucados foram para o quartel e seus companheiros resolveram invadir a boate. O que se sucedeu foi uma invasão de muito militares na boate, tiros e alguns feridos, sendo esta casa noturna fechada definitivamente. Me lembro que no granito da porta de entrada tinha várias marcas de tiros. Caso seja de interesse tenho algumas fotos desta rua já nos anos 70. Nesta época não era rua sem saída, e dava mão de direção no sentido rua Duvivier para Rua Rodolfo Dantas. Me lembro que na esquina com a Rua Rodolfo Dantasexistia um florista Sr. Laffond que era um sobrevivente do holocausto, tinha inclusive uma filha que é atriz de televisão a Monique Laffond. Hoje moro no ES, para minha juventude foi nesta rua.
— Alvaro Ferreira

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